O que é Eclipse Phase?

Em Eclipse Phase, você interpreta um agente secreto que protege os restos dispersos da transumanidade contra ameaças que podem aniquilá-la de uma vez por todas. Você é transumano. Você é geneticamente modificado, fisica e mentalmente aprimorado, e funcionalmente imortal. Sua mente pode ser backupeada digitalmente, como o salvamento de um jogo. Se você morrer, você pode ser trazido de volta, seu ego — consciência e memórias — fisicamente restaurado. Você também pode copiar sua mente e fazer download em um corpo da sua escolha. Esse novo corpo — seu morfo — pode ser biológico, uma carcaça robótica sintética, ou um infomorfo digital. Seu corpo é essencialmente um equipamento que você personaliza de acordo com sua missão e seus requisitos.

Eclipse Phase se passa em um futuro de progresso tecnológico exponencialmente acelerado. Os desenvolvimentos nos principais campos da inteligência artificial, neurociência, engenharia genética, nanotecnologia e ciência da informação convergiram em um impressionante ciclo de retroalimentação. Corpos e as mentes são moldados e ampliados. IAs e animais são elevados a níveis humanos de sapiência. Tudo e todos estão repleto de sensores, conectados e online. Sua mente pode se comunicar com qualquer dispositivo eletrônico ao seu redor. Quase tudo pode ser impresso em 3D a partir dos átomos constituintes com um nanofabro e diagramas. A tecnologia permite que as pessoas vivam vidas mais felizes e saudáveis, emancipadas da necessidade.

Esses progressos também têm os seus aspectos negativos. As maravilhas do futuro ainda não estão distribuídas igualmente — os ricos imortais continuam a concentrar sua riqueza e seu poder, enquanto os outros lutam para sobreviver. A vigilância é onipresente, e existem meios para hackear a mente e as memórias das pessoas, copiá-las integralmente, e/ou submetê-las à escravidão virtual. Muitos avanços tecnológicos são superempoderantes, colocando os meios para a devastação em massa nas mãos de todos. Os esforços para restringir tais instrumentos estão condenados ao fracasso; só a nossa própria maturidade como uma espécie nos pode salvar.

Exemplificando esses perigos, Eclipse Phase se passa dez anos após a transumanidade ter perdido uma guerra contra um grupo de IAs superinteligentes e autoaprimorantes. 95% da população foi perdida durante este conflito apocalíptico, muitos sofreram uploads forçados pelos deuses-máquina TITAN antes de desaparecem. Milhares mais foram corrompidos e transformados por um vírus exsurgente alienígena. A Terra está arruinada e interditada, tomada por máquinas e monstros. Os sobreviventes evacuaram o planeta e se espalharam pelo Sistema Solar, expandindo nossas colônias fora da Terra por desespero e necessidade. Muitos escaparam apenas como infugiados, sem nada além das suas mentes incorpóreas.

As nações e superpotências do velho mundo se foram, decapitadas e desmanteladas. Novos blocos políticos e facções se formaram, vagamente divididos entre os sistemas interior e exterior. As economias capitalistas do sistema interior — Lua, Marte e Vênus — continuam a impor a escassez e a propriedade intelectual. Elas são dominadas pelo Consórcio Planetário, uma entidade hipercorporativa que prioriza os interesses empresariais e que declarou Marte o novo planeta natal da transumanidade. Seus habitats são identificados pela influência do conflito midiático e memético sobre o discurso civil, as legalidades e restrições de segurança que mantêm suas populações seguras, uma desconfiança persistente de IAs e elevados, e divisões de classe acentuadas. Enquanto as socialites e hiperelites brincam e prosperam, muitos infugiados recorrem à venda do seu trabalho como servos arrendados para bancar corpos sintéticos baratos produzidos em massa — as massas clangorantes.

O sistema exterior é a fortaleza da Aliança Autonomista, uma rede de ajuda mútua de anarquistas e tecnossocialistas. Nestes territórios comunalistas, a moeda é obsoleta e a nanofabricação irrestrita significa que todos têm os bens e ferramentas de que necessitam. As pessoas criam em vez de consumir. Reputação, e não riqueza, media o intercâmbio de informações e serviços. Muitos habitats operam sem governo, leis ou polícia, confiando, em vez disso, em estruturas voluntárias e cooperativas, referendos online em tempo real e milícias coletivas. O sistema exterior é uma manta de retalhos de experimentação política, econômica e social.

Entre essas grandes facções, outros clados transumanos constroem suas próprias sociedades. Os cartéis criminosos alimentam mercados negros, os cientistas radicais trabalham para democratizar a ciência, os mercenários estéticos oferecem os seus serviços, os piratas caçam os desavisados e os isolacionistas filtram suas comunidades de influências externas. Até os bioconservadores — desconfiados das tecnologias transumanas — prosperam, temendo pelo futuro da nossa espécie.

A guerra com as IAs TITAN marcou mais do que a Terra. Zonas na Lua, em Marte e na lua de Saturno, Jápeto, permanecem sob influência das máquinas. De maior impacto, no entanto, são os misteriosos portões de pandora descobertos em todo o sistema. Estes portões de buraco de minhoca se abrem para sistemas extrassolares — milhares de exoplanetas e mistérios alienígenas. Desbravadores intrépidos exploram estes novos horizontes, colonizando mundos e descobrindo os vestígios de civilizações extintas. Enquanto nenhuma espécie sapiente viva foi encontrada além dos portões, a transumanidade teve seus primeiros encontros com vida alienígena no nosso próprio Sistema Solar. Uma espécie viajante estelar conhecida como Factores visita regularmente, embora a verdadeira natureza e intenções destes mercadores ameboides lacônicos permaneçam desconhecidas.

Em última análise, Eclipse Phase é um jogo de sobrevivência transumana. Além da ameaça dos TITANs retornarem, nós enfrentamos riscos existenciais — riscos X — que colocam em risco nosso futuro como espécie. Estes incluem armas de destruição em massa, artefatos de além dos portões de pandora, tecnologia TITAN recuperada, surtos de infecção exsurgente, ameaças alienígenas, fenômenos estelares e os perigos que impomos a nós mesmos. Nossa espécie se encontra em uma órbita decadente em torno do buraco negro da extinção. Será que nossos conflitos nos conduzirão para o horizonte de eventos, ou evoluiremos e cooperaremos para escaparmos do poço gravitacional e alcançarmos novas fronteiras? Será estaremos reconhecíveis quando chegarmos lá?

Eclipse Phase é uma exploração de futuros incertos. Isso é mais que um jogo de RPG de mesa, é um cenário detalhado de ficção científica que investiga minuciosamente questões que afetam nosso futuro como uma espécie. A essência de Eclipse Phase enfatiza a natureza da transumanidade conforme ela se transforma, mental e fisicamente, prestes a se tornar algo pós-humano. Esse é um cenário que fala sobre os imensos perigos que a tecnologia nos oferece — mas que equilibra essa perspectiva ao considerar como a ciência pode ser usada para nos aprimorar, aumentar a cooperação, neutralizar esses riscos e prosperar. Há perigo — mas também esperança.

Novato em RPG?

Se você é novato em jogos de interpretação de papéis, você encontrará tudo que precisa saber sobre como jogá-los aqui: http://eclipsephase.com/roleplaying

Jogadores Iniciantes

Este capítulo fornece uma visão geral resumida do jogo; recomendamos que todos deem uma olhada no resto dele.

Se você é novo no jogo e está ansioso para começar a jogar, recomendamos escolher um dos 16 personagens prontos para começar. Esses personagens estão divididos em 4 equipes de 4, por isso recomendamos que você e seus amigos escolham a mesma equipe. Se você tiver mais de 4 jogadores, escolha os adicionais das outras equipes. Todas as equipes funcionam em jogos baseados na Firewall, com uma equipe otimizada para o Sistema Solar interior e uma equipe projetada para o sistema exterior. Uma das equipes é feita especificamente para desbravamento, e outra para cenários relacionados ao crime.

Se você preferir ir direto para a criação dos seus próprios personagens, prossiga para Criando Personagens.

Se você preferir ter uma noção das regras primeiro, comece com Mecânicas do Jogo. Para mais detalhes, vá para Ações & Combate e Tecnologia Transumana. Se você planeja interpretar um hacker, confira a mesh. Se você tem um assincro psíquico em mente, dê uma olhada em Psi.

Se você está mais interessado no cenário, há muita coisa para ler, começando com a história, Como Aconteceu.

Mestres de Jogo Iniciantes

Como um mestre de jogo (MJ), você precisará se familiarizar com o conteúdo do livro em geral. Recomendamos começar com o cenário, iniciando com Como Aconteceu. Depois disso, salte para Ameaças & Riscos X para as coisas interessantes dos bastidores.

Quando você tiver se familiarizado com nosso universo, você precisará aprender as regras, começando com as Mecânicas do Jogo. Você provavelmente vai querer saber o básico sobre perícias, combate, a mesh e reencape. Você também deve estar familiarizado com a forma como os jogadores adquirem equipamentos e morfos. O resto você pode ir pegando conforme precisar.

Por fim, veja nossas dicas de como mestrar Eclipse Phase em Conduzindo o Jogo.

Uma Nota sobre Política

Eclipse Phase mergulha em inúmeros temas políticos; na verdade, começamos com a premissa de que tudo é político. Como todos os autores, escrevemos do ponto de vista dos nossos vieses pessoais. Nossa visão específica é radical, liberadora, inclusiva e antifascista. Se você apoia a intolerância ou o autoritarismo em qualquer forma, Eclipse Phase não é um jogo para você.

Uma Nota sobre Terminologia, Sexo e Gênero

A biologia sexual é efêmera em Eclipse Phase. O sexo é eletivo e sujeito a mudanças; quase todo mundo tem a oportunidade de trocar de corpo. A identidade de gênero de um personagem pode não corresponder às suas características sexuais físicas (ou a falta delas). A própria identidade de gênero é frequentemente fluida. O uso pronome "masculino" genérico é apenas por questões linguísticas do português e não uma imposição do gênero masculino. Ao se referir a personagens específicos com um gênero estabelecido, utilizamos o pronome adequado à sua identidade de gênero atual, independentemente do sexo do morfo em que eles se encontram.