Acesso a Habitats

Como você entra em um habitat e que tipo de fiscalização você estará sujeito depende de como você chega. Alguns habitats estão próximos de outros assentamentos, enquanto outros estão fisicamente isolados por vastas distâncias vazias de espaço interplanetário. Habitats em sistemas planetários densos recebem a maioria dos seus visitantes através de viagens espaciais convencionais. A infraestrutura de imigração e alfândega está voltada para receber visitantes através do seu espaçoporto, e o processamento de desembarques é análogo ao de um aeroporto do século 21. Por outro lado, os habitats isolados tendem a receber quase todos os seus visitantes via egoprojeção.

Egoprojeção

Naves de transporte usando uma variedade de sistemas de propulsão fazem viagens regulares entre habitats, superfícies planetárias e luas. Mas para qualquer viagem mais longa que 1,5 milhões de quilômetros — a distância que uma nave movida a fusão pode cobrir em um dia — a maioria das pessoas usa egoprojeção.

Egoprojeção é a tecnologia de transporte pessoal mais avançada da transumanidade, embora apenas o seu ego faça a viagem. A egoprojeção combina o upload e a longiprojeção quântica para transferir a sua mente com segurança por distâncias interplanetárias. Isso pode ser um infomorfo ativo, um backup inativo, ou até mesmo um upload transferido da sua mente consciente.

Embora a egoprojeção ocorra à velocidade da luz, os tempos variam drasticamente com a distância. Egoprojetar em um agrupamento ou sistema planetário geralmente leva alguns minutos. No entanto, egoprojetar do sol até o Cinturão de Kuiper leva entre 40 e 70 horas, então, egoprojeção atravessando todo o Sistema Solar pode levar ainda mais tempo.

A maior parte das egoprojeções são feitas por serviços de longiprojeção legítimos, muitas vezes operados pelos governos dos habitats. Se você está fazendo upload de um morfo, ele pode ser vendido, alugado ou armazenado em um serviço de banco de corpos. A maioria das pessoas vendem seus morfos, trocando-o por uma nova capa no seu destino. O armazenamento/locação é reservado principalmente para os ricos, pessoas retornando rapidamente, ou pessoas com um apego particular ao seu morfo (às vezes por ele ser seu original).

Segurança de Egoprojetores

Projetar-se pelo espaço interplanetário é uma tecnologia estável e geralmente funciona sem problemas. Como a egoprojeção usa longiprojetores quânticos, não há perigo de interferências de rádio atrapalhando o sinal e causando perda de dados. Devido às preocupações com proteção dos egos, os serviços de longiprojeção geralmente envolvem práticas de segurança rigorosas; as violações são incomuns.

No entanto, há riscos envolvidos. Se o serviço de longiprojeção em uma das pontas não for confiável ou as redes são de controle privado ou forem comprometidas, seu ego pode ficar à mercê deles. A maioria das hipercorps consideram a intromissão em um ego transmitido uma grave violação da etiqueta, ao passo que os tipos autonomistas achariam isso uma repressão impensável. No entanto, extremistas políticos e organizações criminosas no controle de egoprojetores têm menos restrições.

Desembarques Eletrônicos

Uma vez que um ego chega no receptor de destino, ele pode ser arquivado, executado como um infomorfo ou reencapado normalmente. Nos desembarques por egoprojeção, às vezes são feitas entrevistadas por autoridades dos habitat em um simulespaço antes do reencape. Dependendo da posição do habitat em relação à direitos civis, esse processo pode ser relativamente razoável ou bastante invasivo. Uma inspeção mínima de entrada inclui uma verificação de ID, uma entrevista rápida com um IA alfandegária, e uma revisão das especificações do morfo que o ego em desembarque planeja reencapar. Habitats com medidas de imigração draconianas podem usar técnicas severas de interrogatório por psicocirurgia em infomorfos suspeitos. Os egos têm pouco a fazer para evitar esse tratamento — as autoridades da estação podem simplesmente arquivá-los em armazenamento offline se assim decidirem — então é sensato investigar os procedimentos alfandegários antes de se enviar para lá.

Como muitas pessoas, especialmente autonomistas e eremitas, não apreciam esse tipo de recepção, vários serviços de longiprojeção intervieram para fornecer reencape pré-alfandegário para aqueles viajando para habitats com métodos de fiscalização suspeitos. Por taxas geralmente exorbitantes, o viajante egoprojeta para uma subestação extraterritorial próxima do destino pretendido, reencapa lá, e então viaja para seu destino via nave ou ônibus.

Desembarques Físicos

A viagem física é mais comum em distâncias curtas. No entanto, bioconservadores ou pessoas que buscam viajar sem deixar rastros podem preferir naves de longa distância em vez de egoprojeção.

Desembarques por espaçonaves passam por, no mínimo, uma verificação de ego ID, escaneamentos para detectar patógenos, nanobots hostis, explosivos ou radiação, e uma inspeção dos seus bens pessoais. Alguns habitats vão além, incluindo fiscalizações secundárias rigorosas usando nanoenxames esquadrinhadores, varreduras em todos os sistemas eletrônicos por malware, e/ou interrogatório agressivo de um forque do indivíduo. Até mesmo enclaves autonomistas impõem escaneamentos automatizados por qualquer coisa que possa ser um risco ao habitat ou por sinais de sabotagem por hipercorps.

Bens restritos variam de acordo com a legalidade local. Muitos habitats, especialmente aqueles controlados por facções autonomistas ou criminosas, permitem armamento pessoal, desde que não seja alguma coisa que possa abrir um buraco na estrutura ou matar indiscriminadamente dezenas de pessoas. Outros, especialmente a República Joviana e estações de hipercorps, proíbem todo tipo de arma letal, exceto para pessoas que adquiriram as permissões e autorizações especiais (disponíveis, às vezes, subornando as pessoas certas ou conseguindo favores com rep). Armas não letais são geralmente permitidas. Outros itens restritos incluem nanofabricadores, nanoenxames, software de malware e hackeamento, drogas e narcoalgoritmos, certos tipos de gravação XP, ferramentas de operações de infiltração, e assim por diante. Certos tipos de morfos também podem ser restritos, tais como ceifeiros, fúrias, ou elevados.

Certos habitats podem insistir que os visitantes — ou pelo menos os que eles não gostarem da aparência — se submetam a formas de monitoramento ou vigilância durante toda a estadia. Isso pode incluir nanoenxames marcadores, hospedar uma IA policial em seus insertos da mesh, ou até ser seguido fisicamente por um drone de segurança armado. Outras estações exigirão que seus visitantes deixem um forque inativo como forma de garantia na porta — no caso de eles cometerem um crime, o forque pode ser interrogado.

Finalmente, embora raro, alguns habitats chegam ao ponto de cobrar de todos os visitantes uma "taxa do ar" — uma taxa pelo uso dos recursos disponíveis publicamente na estação enquanto ele estiver presente. Isso geralmente só é comum em habitats isolados com recursos escassos, e é considerado particularmente ofensivo para a maioria dos autonomistas.

Infiltração em Habitats

Chegar ou entrar em um habitat sem autorização não é fácil, mas há opções para aqueles que estão determinados.

Redes Clandestinas

Vários serviços de furtiprojeção mantidos por sindicatos do crime oferecem um método alternativo de egoprojeção. No entanto, os serviços de furtiprojeção são bastante custosos e você está à mercê dos operadores. Eles tem suas próprias reputações a zelar, mas se um grupo tiver o monopólio de furtiprojeção em um habitat, problemas podem surgir. Esses provedores geralmente também oferecem serviços de reencape no mercado negro, incluindo morfos e ware restritos, assim como IDs falsas. Em casos raros, facções políticas (geralmente células autonomistas) ou até mesmo hipercorps podem operar seus próprios sistemas de furtiprojeção; acessar esses serviços exige conhecer as pessoas certas, tem uma boa rep e/ou molhar as mãos certas.

Entrando Escondido

A furtiprojeção nem sempre é uma opção. Para aqueles que não querem testar a confiabilidade das suas IDs falsas ou que não querem colocar seus egos aos cuidados da alfândega do habitat, a próxima opção é entrar escondido na estação. Para estações em planetas ou luas, isso geralmente não é muito difícil. Grandes domos e assentamentos escavados em Marte, na Lua e em Titã são usados para trafegar ao redor do exterior dos seus habitats. Alguns nem sequer restringem a entrada. Outros possuem cartéis locais do crime que já estabeleceram túneis subterrâneos ou câmaras de ar hackeadas para poder transportar contrabando e pessoas. No entanto, postos mais isolados provavelmente vão se preocupar com estranhos que chegam e começam a perambular do lado de fora de suas paredes. Contudo, tendo alguma preparação e determinação, às vezes é possível se esgueirar evitando a detecção dos sensores.

Os habitats no espaço estão cercados por milhares de quilômetros de vazio — um fosso de vácuo que é perigoso de atravessar. Aproximar-se sem ser detectado é bastante desafiador, já que a maioria deles está atenta aos seus arredores com radares e telescópios de grande abertura no espectro visível e infravermelho, para encontrar naves se aproximando através da assinatura de radar, emissões infravermelhas de calor, ou a aceleração e frenagem de seus motores. O última é especialmente difícil de evitar, já que qualquer impulso que leva uma nave para um habitat deve ser removido se a nave planeja parar lá — e isso significa que ao usar os motores você denuncia suas intenções. Para colônias em asteroides, o próprio asteroide às vezes pode ser usado para bloquear a linha de visão de uma nave se aproximando, embora muitas estações tenham satélites para ficar de olho nesses ângulos também.

Por fim, tudo que um intruso em potencial precisa fazer é se aproximar o bastante do habitat para cruzar o vazio usando um trenó ou mochila propulsora extraveiculares. Isso pode ser feito passando nas proximidades da estação e liberando os infiltradores, encontrar alguma coisa perto da estação para esconder a desaceleração da nave, ou pegando uma carona de alguma outra forma.

Uma opção mais fácil, talvez, seja pegar uma nave que acople no habitat, legitimamente ou como um truque, e então usar a oportunidade para se esgueirar pelo espaço em direção ao habitat. Para colônias que utilizam drones de colheita, outra possibilidade é interceptar um destes bots e usá-lo para pegar uma carona de volta à doca de drones da estação.

Aeróstatos e batiscafos são um pouco mais fáceis de abordar. Vários tipos de aeronaves podem ser usadas para se esgueirar para dentro de um aeróstato — microleves e balões são bastante difíceis de serem detectados. Também há a opção de pular de uma aeronave passando sobre eles — ou até mesmo mergulhar do espaço em um traje de mergulho espacial. Batiscafos, por outro lado, exigem natação ou o uso de um veículo que não seja percebido pelo radar e sonar da estação.

Grupos criminosos e contrabandistas dependem bastante de subornos ou segurança comprometida de alguma forma para obter acesso. Credenciais forjadas também são usadas, assim com simplesmente transportar backups ou infomorfos em mídia de armazenamento através da segurança, e então reinstanciá-los ou reencapá-los lá dentro.

Acesso Exterior

Quando estiver no exterior do habitat, uma entrada pode ser encontrada ou criada. Isso geralmente envolve hackear uma câmara de ar. Cortar ou explodir seu caminho para dentro também é uma opção, embora isso atraia atenção com coisas barulhentas como descompressão e explosões. A pesquisa cuidadosa do projeto de uma estação pode identificar pontos onde uma violação do exterior não vai disparar alarmes. Formigueiros e habitats escavados, por exemplo, podem ter túneis não utilizados ou esquecidos que levam para câmaras de ar no interior.

Ficar tempo demais no exterior de um habitat pode atrair atenção. Os exteriores são geralmente equipados com câmeras de segurança e sensores infravermelhos vigiados por IAs de segurança. Estações especialmente seguras ou paranoicas podem ter sensores sísmicos embutidos no casco ou terem patrulhas regulares de bots de sentinela. Trabalhadores e bots de manutenção no exterior de um hab, que normalmente não estão armados ou são treinados como guardas de segurança, vão reportar visitantes suspeitos. No sistema joviano, quase todo o trabalho exterior é feito por bots teleoperados devido à radiação extrema. Em outros habs do sistema exterior, como grandes agrupamentos como o Locus, o passeio espacial é uma forma muito comum de simplesmente se locomover, por isso ser flagrado é muito mais provável — embora, dependendo da situação, o observador possa nem se incomodar de reportar sua presença a ninguém.